Eng. Vasco Paulus - Dir. Serviço Florestal do Pico
Desde 1961, passaram já mais de 50 anos (não devidamente assinalados como efeméride que deveria ter merecido registo consentâneo com o que então foi o início da florestação da nossa ilha) que o Serviço Florestal do Pico é merecedor do crédito das nossas gentes, pelo trabalho desenvolvido quer na florestação quer na abertura de caminhos rurais (florestais por toda a nossa ilha) atividade essa, aliás, que só na nossa ilha teve expressão altamente significativa.
O Serviço Florestal do Pico é dos mais importantes da nossa Região Autónoma e cito o que já respiguei em escrito de 2011 - http://www.adiaspora.com/cronicas/florestacao.html: “Na Região Autónoma dos Açores, a floresta ocupa uma área aproximada de 70 mil ha, o que corresponde a uma taxa de arborização média de 30%. As ilhas do Pico e São Miguel representam 53% da área florestal açoriana. O contributo da floresta no arquipélago, mesmo o da denominada floresta de produção, não é mensurável apenas pela sua componente produtiva e económica. O mérito da floresta está muito para além da valência de floresta de conservação e o potencial associado na proteção de solos e dos recursos hídricos, prevenção de riscos naturais e na conservação da biodiversidade. A região também se caracteriza pela quase inexistência de fogos florestais.” (in Região Autónoma dos Açores, Março 2009, Potencial Sectorial http://www.bes.pt.”
|
Entretanto comentei no mesmo artigo: “Só quem se lembra desses mistérios da Silveira, de São João, de Santa Luzia ou da Prainha do Norte, é que poderá aquilatar da grandeza do trabalho de florestação desenvolvido até hoje e dos trabalhos complementares de construção de vias de acesso – caminhos florestais – por uma reduzida equipa de engenharia, mas pejada de empíricos técnicos (self-made men), que também poderiam ser apelidados de “paus para toda a obra”, que sob uma liderança persistente, com muito empenho, determinação, às vezes com parcas verbas orçamentais, dizem-nos que também com algum amor à causa florestal, mas de certeza e sempre com enorme gosto pelo que produziam. Arrostaram com dificuldades, contornando-as porque, se o que era planeado falhava, era necessário corrigir e aprender com os erros cometidos: “como não se fazer mal outra vez”…
……………………….
Hoje noticiou o JP: “Mudança no Serviço Florestal do Pico – Eduarda Ávila sai hoje – (…) Hoje mesmo deverá entrar em funções para ocupar o seu lugar Vasco Paulus, até agora funcionário do Laboratório Regional de Enologia” (fim de citação).
|
Desde que foi criada em 1961 a Circunscrição Florestal da Horta (distrital), desenvolveu-se um trabalho meritório, incompreendido quantas vezes, para transformar a nossa ilha, dos vastos “Mistérios” lávicos que advinham das erupções do século XVIII, em zonas arborizadas, verdejantes e aprazíveis. Em sequência, em 1972, é criado o Serviço Florestal do Pico, então Administração Florestal, sediado em São Roque. O Eng. Zeca Simas chefiou este departamento durante 30 anos, com uma notável “folha de serviços prestados à ilha e suas gentes”. Seguiu-se o Eng. José Gabriel e depois, até hoje, a Dra. Eduarda Ávila.
Entretanto foi criado um departamento regional para o Ambiente e este serviço de ilha chegou a estar agregado ao Serviço Florestal, o que hoje já não acontece.
As áreas protegidas e similares estão também hoje com “gestão autónoma” e é importante consultar-se, entre outros, o sítio da Internet - http://siaram.azores.gov.pt/intro.html; mas nunca será demais referir que também na nossa ilha está sediada a Direção de Serviços de Conservação da Natureza, sob a direção do Eng. Emanuel Veríssimo, no edifício Matos Souto, na Piedade.
À Dra. Eduarda creditamos o nosso reconhecimento pelo profícuo trabalho desenvolvido ao longo dos últimos 9 anos.
No entanto, Vasco Paulus – seu pai Henrique Paulus, já havia sido engenheiro deste serviço – tem clara noção da árdua tarefa que, embora provisoriamente, agora assume na condução dos destinos deste Serviço. Esta chefia será posteriormente “concursada”…
Esperamos que quem ganhar esse concurso – o Eng. Vasco Paulus tem todas as condições técnicas e currículo profissional adequado para o conseguir – imprima uma nova dinâmica e uma estabilidade criteriosa que são sempre imprescindíveis para a continuação duma ação abrangente, em prol dos novos desafios que novos conceitos florestais e ambientais exigem e aí poderá entroncar a ambicionada classificação açórica, já em várias ilhas conseguida, de “reserva da biosfera”.
Uma nova geração de técnicos por cá vai surgindo. Ainda bem.
Sou dos que continuam a ter muita esperança na nossa ilha e no seu futuro.
Voltar para Crónicas e Artigos |